quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PASSADO NO PRESENTE



PASSADO NO PRESENTE

Dúbias lembranças
Quando  a cegueira dos sonhos
Aflige  a sanidade da razão.

Pouco importa
Se o véu coberto de pó tinge de penas
O sorriso sarcástico desenhado a fogo
No renascer da esquina.

Cativamos no presente 
Imagens que trouxemos dos confins do tempo
Avidamente amealhadas num olhar cansado
Emergindo dum perpétuo fulgor
Como um vulto errando a esmo
No vendaval da memória que persiste
Em mesclar-se de sombras vadias.

Saudade é o inferno do que perdemos
Coração esvaziado, lábios amargos
Como pétalas caindo das gáveas
Devagar
Restando-se à tona dos sentidos.

Atiramos à fogueira o passado
Como roupa usada
Mas nunca certificamos as cinzas
Para confirmar se ardeu
Até que o clarim soa
E o comboio das recordações nos atropela.


Autor: José Manuel Alves

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