domingo, 25 de agosto de 2019

ESCULTURAS DA NATUREZA























A Natureza







Olho a Natureza e o que sinto?
A pele arrepiada, os olhos esbugalhados
O inconformismo de não entender
Porque nos surpreendemos e exaltamos
Quando sentimos o aproximar do incompreensível manifesto
Do universo pleno
Incomensurável mas simplicista
Que nos seduz e reduz
À insignificância do nada.




Autor: José Manuel Alves

quarta-feira, 18 de julho de 2018

ONDAS ESPIRRADAS





AS ONDAS, UMA A UMA
As ondas, uma a uma
Como novelos de espuma
Desfazem-se como algodão
Na minha mão.

Um canto molhado e doce
Quem as criou?
Quem as trouxe?
Quem lhes incutiu aquele arrastar lamentoso
Numa dança de agonia enrouquecida
Como poetas famintos
Surfando labirintos de inconfidências
Em versículos descoloridos.

Lentamente, uma a Uma
Com a paciência de quem é dono da eternidade
Com a maciez da sumaúma
Num gesto de poder e de vaidade
Vestem as rochas de espuma
E afogam-nas sem piedade
 


Ah! Este mar! Este deserto
Estes cânticos de sereias a rezar
Este feitiço de o olhar de longe ou perto
Augúrios de pescadores a estrebuchar
Perdidos na imensidão deste deserto
Mãos erguidas, vidas a definhar.

São assim as ondas
Uma a uma
Vestidas de rendas e de espuma
Que se desfaz como o doce algodão
Entre os dedos da minha mão.
Quem as criou?
Quem as trouxe?


Autor: José Manuel Alves