sábado, 27 de outubro de 2012

ESPANTALHO


ESPANTALHO

Na escola da  minha rua
Há  um espantalho
Simpático e risonho
Com coração de palha

Mascarado de realidade
É tolerante e compassivo
Afasta os  corvos afoitos
Com melodias de improviso
Quando o vento agita
Os seus dedos de palha
Nas cordas da guitarra.


Na palidez da verdade
Só o espantalho se espanta
Entediado de pasmaceira
Estático e mudo de sol a sol
Na esperanças que algum pardal
Vadio e afoito
Faça o ninho nos seus cabelos eriçados 
  

Poucos reparam no espantalho
E a vida acontece em correria
Indiferente às lágrimas
Que o orvalho verte
No seu rosto de pano velho.

Por vezes
Quedo-me mudo
Tentando adivinhar o silêncio
Do seu sorriso
E ouvir o improviso mágico das melodias
Dedilhadas pelos seus dedos de palha
Agitados pelo vento.

Autor: José Manuel Alves



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