quinta-feira, 22 de março de 2012

O TEJO E A PONTE


A PAISAGEM DUM SONHO

Como um rio adormecido

No abandono das marés idas
Sento-me e descanso
Nesta paisagem de beleza adivinhada.

Em tempos… imaginei o mar

Na ambição das minhas janelas.
Um navio de sonhos!
Velas de pensamentos!
Navegar à bolina ao sabor do acaso
Nas linhas sinuosas e irreverentes
Duma juventude de destinos por editar.

Sulquei mundos de solidão

Onde se escreve saudade com palavras mordidas
Ali! onde as esperanças anoitecem em cada madrugada
E as mãos se retorcem ansiosas
Numa espera de tortura.

Pela madrugada, quis voltar

Às saudades da paisagem do meu Tejo
Ancorado num azulejo de beleza adivinhada
Numa passividade arrepiante
Contando as horas
Até que de novo sinta
O ressuscitar das marés

Photo e poesia:

José Manuel Alves

sábado, 17 de março de 2012

SINOS



POEMA DOS SINOS

Bradam os sinos de bronze

Numa súplica de alegria.
Tinem pelas ruas adormecidas
Badaladas sonantes

Vibrantes
Em cadência pautada.

Tocam os sinos de bronze

Num tinido cristalino
Anunciando as horas
Das núpcias ou procissão
Do recolher ou da oração
Na alternância do balançar dos badalos
Ora aturdidos ora eufóricos
Repetidamente martelando o carrilhão.

Repicam os sinos de bronze

Ouvem-se de perto e de longe
Fazendo vibrar o silêncio perfumado
Das ruas cobertas de giestas e rosmaninho
Sobre o pálio festivo.
Em Dia de Ramos.





Tocam os sinos a rebate

E o povo junta-se na Praça
Com clamor, punho no ar
Erguido contra a desgraça.

Calam-se os sinos da igreja

E nasce o silêncio da paz
Das almas confortadas
No regresso ao abismo calado
Do adormecer sereno.

Pho e poesia:José MAnuel Alves

quinta-feira, 15 de março de 2012

CEGONHA



POEMA DAS CEGONHAS

Do alto do seu ninho espreitam
Desconfiadas, altivas e tristonhas
Num encantado idílio de cegonhas
Rainhas do céu, que me deleitam

Os galhos são artes que flamejam
Com perícia, cada um entrelaçado
Na simplicidade de um trono adaptado
Ao reino dos homens que as invejam

Asas do tamanho de aventuras
Bicos alongados e bonitos
Pernaltas de caminhos infinitos
Senhoras dos céus e das alturas

Olho-as e penso com desdém
Bom seria partilhar essa magia
De percorrer os ares com a ousadia
De quem nada possui e tudo tem.

Photo e poesia: José Manuel Alves

sábado, 3 de março de 2012

Apenas uma Flor



UMA FLOR COM AMOR

Saindo dos meus dedos de magia
Quem diria
Uma flor com amor
Florescendo na simplicidade do gesto

Bate o coração apressado
Mar de sentimentos que o embala
Num barco de frases e melodias
Que em sereno rodopio
Nos enlaça e abraça
Num palco de fantasia.

Impressionante
É descobrir uma flor interessante
Num vaso de fantasia
Perfeita em simetria
Bela e aprumada
No jardim da madrugada
Com odores que tornam sempre
A Primavera rainha.

Photo e poesia :Josalves