sexta-feira, 30 de novembro de 2012


POEMA DAS CEGONHAS

Do alto do seu ninho espreitam

Desconfiadas, altivas e tristonhas
Num encantado idílio de cegonhas
Rainhas do céu, que me deleitam

Os galhos são artes que flamejam

Com perícia, cada um entrelaçado
Na simplicidade de um trono adaptado
Ao reino dos homens que as invejam

Asas do tamanho de aventuras

Bicos alongados e bonitos
Pernaltas de caminhos infinitos
Senhoras dos céus e das alturas

Olho-as e penso com desdém

Bom seria partilhar essa magia
De percorrer os ares com a ousadia
De quem nada possui e tudo tem.

Autor: José Manuel Alves

terça-feira, 20 de novembro de 2012

LISBOA NOVA



MEU TEJO

Meu Tejo, meu amigo, meu regalo
Meu TejoLivro aberto de Histórias e viagens
Teu destino é morrer no oceano
O meu, é viver nas tuas margens

Tejo de maravilhas e de encantos
Como pontes serpenteando sobre as águas
Espreitar-te, è seduzir-me de espanto
Navegar-te, è esquecer tudo, até as mágoas

Espraiado nos nos pés desta Lisboa
Dormes o merecido sono dos marinheiros
Que de ti partiram e foram os primeiros
A descobrir outros mundos, gente boa

Quando as marés regressam das viagens
Trazem escritas saudades dos que se foram
Que de longe não esqueceram onde moram
Os que ficaram habitando as tuas margens.

Autor
José Manuel Alves

segunda-feira, 19 de novembro de 2012


VERSOS NA BRUMA

Amores são como gaivotas perdidas
Voando ao alcance da minha mão
Tocam tangencialmente as nossas vidas
Acomodam-se no nosso coração
Tantas vezes sem critérios nem medidas
Tantas vezes contra a lógica e a razão

Diz-me meu amor! O que são versos?
Palavras afogadas nesta espuma
Ora unidos numa rima, ora dispersos
Pétalas de flor que caiem uma a uma
O coração torna-se dono do universo
E os sonhos escravos desta bruma.

Descompassado bater de asas aflitas
Este arrepio de silêncio e ansiedade
As mágoas choram lágrimas contritas
Rasgam-se as neblinas da verdade
Varre o vento as sílabas restritas
E que resta dos versos? A saudade!

Num aligeirado aperto de garganta
Augúrio triste de penas e sufoco
Rasga-se em gargalhadas de espanto
O sonho que a maresia deixa louco
Cobre-se de incertezas como um manto
Lentamente, devagar e pouco a pouco

Diz-me meu amor! O que são versos?

Autor: José Manuel Alves






sábado, 10 de novembro de 2012

PENAS


PENAS

Penas são mágoas
Baloiçando nas águas
Ou apenas
Angustia atrevida
Dançando no palco
Na cena da vida.

Penas são dores
Resquídeos de amores
Ou apenas
Aperto no peito
Cobrindo de chagas
Um amor contrafeito

Penas são gazuas
Feridas fundas e nuas
Ou apenas
Coração que faz
Novenas de fúrias
Famintas de paz.

Autor:
 José Manuel Alves

LISBOA E EU

LISBOA   E EU

Apenas o eléctrico violando de cor a rua vazia.
Um velho senhor guinchando nos trilhos
Indiferente e vaidoso
Com destino a algures perto do Rossio
No acordar da manhã pachorrenta e entediante.

Sento-me! Vazio de ideias
Olhar perdido na Avenida
Observando o paralelismo
Das linhas de desenho lógico
Alongadas na calçada polida.

Ao fundo o Tejo preguiçoso
De águas pachorrentas
Aqui e ali riscadas pelas gaivotas
Em voos obtusos
Em direcção ao mar.

Depois..
Só Lisboa e eu
Vazio de ideias.

Autor: José Manuel Alves

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

CAIS DOS AVIEIROS



O CAIS SAUDADE

Cada estaca é uma história      
Cada história é uma lida
Cada lida é uma vitória
Cada vitória uma vida

Cada tronco é uma saudade
Cada saudade é partida
Cada partida é maldade
Cada adeus é despedida

Cada tábua é um soalho
Cada soalho um caminho
Cada caminho um atalho
Cada atalho é um espinho

Cada corda é um cansaço
Cada cansaço um gemido
Cada  gemido um abraço
Cada abraço um sentido

Cada cais é uma lembrança
Cada lembrança uma dor
Cada dor é uma esperança
Cada esperança um amor.

Autor:José  Manuel Alves