segunda-feira, 21 de abril de 2014

ruínas do carmo



RUINAS DA IGREJA     

Quem te disse que a vida é eterna flor
Quem sobre ti escreveu eternidade
Quem te revestiu de árvores de saudade
Alguém que nunca soube o que é o amor

Crescem-te nas entranhas vivas flores
Que na Primavera espreitam à janela
Como querendo prostrar-se na lapela
Dos que passam indiferentes às tuas dores

Quem te abandonou? Que importa?
O Inverno já espreitou a tua porta
Não é a vida um constante derrubar?

Outrora eras Igreja, eras menina  
Hoje o teu destino é a ruína
Ruindo… ruindo até tombar.

Autor:
José Manuel Alves

terça-feira, 15 de abril de 2014

A PRIMAVERA






 A PRIMAVERA



Acalmou-se a ribeira enfurecida

Desce agora, em paz

No seu leito selvagem

Ladeado aqui e além

Por salgueiros e giestas dançando na brisa

Desafiando a mudez dos cômbaros

Esgarrados pelas silvas

Num sereno convite a despertar.



Já não se vê a neve na Penha de Águia

Calou-se o vento na garganta

Solta-se o zimbro do cativeiro

Esvazia-se o curral

O gado enche todo o nosso olhar de sons

Num concerto despautado

Dos chocalhos descompassados e melancólicos.



Na surreal magia

As flores

Como um grito apaixonado

Soltam no ar os seus odores

Vestem-se de vivas cores

E o amanhecer nebulado

Da natureza severa

Gera um sol alaranjado

E em jeito de recado

Reinicia a Primavera



José Manuel Alves