terça-feira, 30 de julho de 2013

Gaivotas



VERSOS NA BRUMA



Amores são como gaivotas perdidas

Voando ao alcance da minha mão

Tocam tangencialmente as nossas vidas

Acomodam-se no nosso coração

Tantas vezes sem critérios nem medidas

Tantas vezes contra a lógica e a razão



Diz-me meu amor! O que são versos?

Palavras afogadas nesta espuma

Ora unidos numa rima, ora dispersos

Pétalas de flor que caiem uma a uma

O coração torna-se dono do universo

E os sonhos escravos desta bruma.



Descompassado bater de asas aflitas             

Este arrepio de silêncio e ansiedade           

As mágoas choram lágrimas contritas

Rasgam-se as neblinas da verdade     

Varre o vento as sílabas restritas

E que resta dos versos? A saudade!



Num aligeirado aperto de garganta

Augúrio triste de penas e sufoco

Rasga-se em gargalhadas de espanto

O sonho que a maresia deixa louco

Cobre-se de incertezas como um manto

Lentamente, devagar e pouco a pouco



Diz-me meu amor! O que são versos?





Autor: José Manuel Alves

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Fontão - Loriga





FONTÃO



Pérola perdida

No silêncio da serra

Ali…

Onde o xisto se ergue majestoso

Nas formas irrequietas

Das casas do caminho.



A natureza é a única rainha

Que de verde se refresca

Nas calmas águas

Que correm no ribeiro e nos campos.



O vento agitando as folhas

No Barbo dos Lobos

É a única melodia que se escuta

Como um grito plangente

Do progresso que morreu

Cansado que estava

De galgar socalcos verdejantes e soalheiros.



Fui ao Fontão e voltei!

Mas deixei lá plantado o meu olhar de tristeza

Deambulando pelo passado esquecido

Escrito em dias de glória

Quando o risos das crianças

Ainda se ouviam

Pelos becos e ruas estreitas

Desenhadas em socalcos

Na lógica inventiva do povo simples.



Fui ao Fontão e voltei apaixonado

Pela beleza pura das aldeias da nossa terra.



Autor: José Manuel Alves