sábado, 28 de julho de 2012

SONHOS



SONHOS

Inventos de alma contrafeita
Acreditando, o sonho a tudo sabe
Inspiração surrealista e imperfeita
Reversos nebulosos da verdade

Cânticos em manhã de suavidade
Impossíveis que o coração aceita
Tentáculos rasgando a obscuridade
Ansias da alma perdida, insatisfeita

Sonhar é a vontade a correr mundo
Sobre iluminado vale profundo
Onde vive a realidade mascarada

Setas peregrinam vagueando
Como gaivotas idílicas voando
Na muda ilusão do tudo ou nada.

Autor: José Manuel Alves



CAMINHOS INFINITOS




CAMINHOS SEM FIM

O meu caminho é um desafio
De perigos e sobressaltos
De aventuras, contastes
Que percorro como um malabarista
Na corda bamba.

O meu caminho é um destino
De alçapões e labirintos
Onde só a luz dos teus olhos me guia.

A mina estrada é como um réptil
Enredando-se na imaginação imprecisa
Quando sobre as águas as minhas vontades se afundam
Na dança bizarras das sombras  do crepúsculo.

Ergues os teus dedos
Como Um farol peregrino
Que me alumia e conduz
No complexo labirinto da estrada
Que desaba e se afunda
Sempre que os meus pés
Te seguem e perseguem
Numa desmedida ânsia
De te inventar princesa
Nos meus sonhos de fadas.

Autor José Manuel Alves

SOMBRAS



SOMBRAS

Sombras são pedaços de nós
Fantasmas que nos seguem
Como demónios apaixonados
Rastejando ousados pelas ruas
Subindo e descendo como loucos
As paredes e os muros dos caminhos


Prendem-se silenciosas
À cadência dos nossos passos
E sem cansaços, elas são
O nosso eu bizarro
Em desgarro
tingido de escuridão.

Espreitam-nos na madrugada
Ou na ensolarada tarde.
Sem alarde, avivam-se no luar
E no passar, enredam-se na luz
Que as ressuscita e seduz
Como maldições ao nosso olhar.

Sombras são pedaços de nós
Fantasmas vivos
Sem alma e sem razão
Obcecados e perdidos
Perseguem-nos, famintas
Arrastando-se no chão.

Autor
José Manuel Alves






segunda-feira, 23 de julho de 2012

É sempre madrugada




É SEMPRE MADRUGADA

É sempre Madrugada
Quando falamos de amor
Como uma flor desabrochando
Num corpo de segredo

È sempre madrugada
Quando o dia acorda
No soluçar da voz
De mágoas riscadas
À flor da pele

Desprendem-se do ar as letras
Com que escrevemos saudade
Num curto lampejo
Quando os teus olhos
Me golpeiam de tentações
E se perdem na bruma

O amanhecer
É um silêncio magoado
Entre os abraços fugidios
E os beijos fortuitos dos amantes
Emparedados na incerteza do tempo
Bolsos vazios de ilusões

O amanhecer
É como uma esmola feiticeira
Avidamente guardada à cautela
Sempre que falamos de amor
E nos perdemos em delírios
Num corpo de segredo.

Foto e poesia: José Manuel Alves

terça-feira, 10 de julho de 2012

quarta-feira, 4 de julho de 2012

SOCALCOS



SOCALCOS


Socalcos são répteis em desvario
Serpenteando em magia pelas encostas
Perseguidos em serena cadência
Por combâros e levadas.

Socalcos são sobressaltos de palavras
Tronos de realeza, ousadias de génios
Berços esculpidos na inclinação apressada dos montes
De formas vadias
Vertiginosamente escorregando até às ribeiras.

Socalcos são  as rugas  dos gentios
Palcos  de insónias perdidas no tempo
Gritos de enxadas abrindo a rigor os torrões
O berço
Onde germinarão  ansiosas
As espigas de milho e do centeio
Alouradas ao sol
Sobre as fragas inteiras das eiras
Cobertas de praganas a esvoaçar.

Socalcos são escadas de nobreza
A finura do traço, intervalos de beleza
O perfeito soluçar  da serra
Ardilosamente rasgada
Num desafio inventivo ao pensamento
Que no momento nos faz sonhar
E acreditar que o mundo está aqui
Onde cada socalco é a força
Da minha gente em sobressalto.

Autor
José Manuel Alves