quarta-feira, 4 de julho de 2012

SOCALCOS



SOCALCOS


Socalcos são répteis em desvario
Serpenteando em magia pelas encostas
Perseguidos em serena cadência
Por combâros e levadas.

Socalcos são sobressaltos de palavras
Tronos de realeza, ousadias de génios
Berços esculpidos na inclinação apressada dos montes
De formas vadias
Vertiginosamente escorregando até às ribeiras.

Socalcos são  as rugas  dos gentios
Palcos  de insónias perdidas no tempo
Gritos de enxadas abrindo a rigor os torrões
O berço
Onde germinarão  ansiosas
As espigas de milho e do centeio
Alouradas ao sol
Sobre as fragas inteiras das eiras
Cobertas de praganas a esvoaçar.

Socalcos são escadas de nobreza
A finura do traço, intervalos de beleza
O perfeito soluçar  da serra
Ardilosamente rasgada
Num desafio inventivo ao pensamento
Que no momento nos faz sonhar
E acreditar que o mundo está aqui
Onde cada socalco é a força
Da minha gente em sobressalto.

Autor
José Manuel Alves



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