segunda-feira, 19 de novembro de 2012


VERSOS NA BRUMA

Amores são como gaivotas perdidas
Voando ao alcance da minha mão
Tocam tangencialmente as nossas vidas
Acomodam-se no nosso coração
Tantas vezes sem critérios nem medidas
Tantas vezes contra a lógica e a razão

Diz-me meu amor! O que são versos?
Palavras afogadas nesta espuma
Ora unidos numa rima, ora dispersos
Pétalas de flor que caiem uma a uma
O coração torna-se dono do universo
E os sonhos escravos desta bruma.

Descompassado bater de asas aflitas
Este arrepio de silêncio e ansiedade
As mágoas choram lágrimas contritas
Rasgam-se as neblinas da verdade
Varre o vento as sílabas restritas
E que resta dos versos? A saudade!

Num aligeirado aperto de garganta
Augúrio triste de penas e sufoco
Rasga-se em gargalhadas de espanto
O sonho que a maresia deixa louco
Cobre-se de incertezas como um manto
Lentamente, devagar e pouco a pouco

Diz-me meu amor! O que são versos?

Autor: José Manuel Alves






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