sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A CATEDRAL



A CATEDRAL

Avivam-se as cores da Igreja no meu olhar
Cada postigo acende-se com o sol esgueirando-se pelos vitrais.

Enchem-se os ouvidos com os sons das ladainhas
Dies irae …dies illa…
Arrepiando de penumbra as luzes esmorecidas
Que cavalgam em carrocel as abobadas do teto.

Deslizo o olhar nas linhas de esplendor
Unidas ao alto como mãos fervorosas
Em contrições arrependidas
Tingidas de nevoeiro de incensos fumegantes
De odores intensos e adocicados.

Como um prumo
Cai ao centro o candelabro
Espreitando as telas de cores generosas e quentes
Em remoinho pelas paredes e ogivas
Atravessadas por cruzes carregadas de penitências.

Baixo o olhar até ao chão
Sento-me calado em pensamentos 
Em recolhido silêncio Embalado nas palavras
Que do coro se soltam como borboletas agoirentas.
Dias de ira, aqueles dias.

Autor
José Manuel Alves

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