domingo, 24 de junho de 2012

O Buraco do Tempo






 UM DIA NOS ENCONTRAMOS POR AÍ

Estáticos e mudos no adeus da separação
O atravessar de muros e destinos divergentes.
Muito ficou por dizer e por fazer
Dificilmente voltaremos a falar de poesia
De banalidades, ou fotografia
Tão pouco voltarás à minha secretária
E pedir o meu afia lápis.

Vivemos sob a alçada implacável da vida
Que desde  o tempo de escola nos rouba os amigos
E os consome no turbilhão fantástico do esquecimento.
Dificilmente voltaremos a zombar com ironia
Dos assuntos sérios, ou demagogia
Tão pouco voltarei  a buzinar ao teu aceno
Na ultrapassagem  irreverente da autoestrada.


Tangenciamos tantas vezes os nossos caminhos
Repartimos angústias, ansiedades e conquistas
Sonhamos  em conjunto a Primavera.
Dificilmente voltaremos a falar de astrologia
De carros, filmes, audácias ou até de fobia
Tão pouco voltarás  à minha secretária
Carregando novidades domingueiras

Mais uma pedra se junta no muro da separação
O começar de destinos divergentes
O pressentimento e último olhar
De alguém a ser engolido pelo tempo.

No carrocel estonteante das vontades
Quem sabe? Um dia nos encontramos por aí.

Photo e poesia: José Manuel Alves


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