sábado, 26 de maio de 2012

Garganta de Loriga



A GARGANTA

A garganta que me espanta
Que me seduz e encanta
Na alternância das águas vagarosas
Serpenteando serenas
Como um rio de cristal
Ou revoltas como enfeitiçadas
Na pressa com que galgam afoitas os penhascos
Desenhando caminhos de incerteza
Em direção ao fundo
Extravasando os obstáculos que as prendem
Caindo inertes em cascatas  e bicarões
 Sobre as pedras mudas e disformes
Que as dividem e as encaminham  na ribeira.


Gélidas , e cristalinas
Descem pelas encostas
Entoando cânticos de notas  irrequietas
Rodopiando nas “piorcas”
Como moinhos de água mole
Desgastando a dureza das pedras
Abrindo inquietantes covas redondas
Profundas e arrepiantes 
Nas fragas que brilham com laivos de diamantes.
Quando o sol do meio-dia
Incide sobre a mica e o quartzo do granito.

 Perdem-se os nossos olhos no espanto
Do encanto que nos atrai e conquista
Sempre que olhamos a garganta.
Seja de cima ou de baixo
Silenciosa e bela
Convidando-nos a segui-la.

Photo e poesia - José Manuel Alves

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