sábado, 28 de abril de 2012

LORIGA à noite



Loriga à Noite

Tranquilidade e paz
Alma serena espreitando das colinas
Como se do império da sombras
Rainha fosse.
È a hora do espanto
Do adivinhar das recordações
Do sentir do vento nas folhagens
Como bruxas assustadas
Rezando ladainhas
Ladeira  abaixo
Cegas de luzes assombradas.

Já não se ouvem os chocalhos
Nem sequer as algazarras
Das cigarras.

A noite chegou descalça
Galgando as colinas!
Vagarosa e negra
Acomoda-se nas ruas e quelhas
Escondendo-se à socapa
Das luzes dos candeeiros
Como laranjas doiradas
Cobertas de Lençóis de linho.

Na torre da Igreja soa a badalada das Três!
Escuta-se à distância o ementar das almas
Vazando o silêncio com melodias e preces
Num remoinho de perguntas e respostas
Aos que, no Purgatório
Pedem perdão de joelhos.

Restamo-nos na serenidade
Embalouçados na mudez das palavras
Esmiuçando devagarinho
As recordações
Escritas na beleza da noite.


Autor:
José Manuel Alves

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