ABSTRACTO
Perdemo-nos em análises e comparações
Usamos critérios, regras e padrões
Espreitamos de frente, de lado
Por cima e por baixo.
Redimensionamos o olhar
Ao tamanho do nosso saber
Invocamos os substantivos concretos
Revolvemos empíricos trajectos
Consultamos temáticas enciclopédias
E gramáticas
Numa incomensurável ambição
De desvendar o abstracto.
Na impotência de o compreender
Restamo-nos aturdidos e estupefactos
Perdidos na humilde sapiência intransitiva.
Em trejeitos e tiques
De impaciência Inconclusiva
Caminhando sobre padrões repetidos
Adornados de dogmas concretos,
Navegamos audazes mas discretos
Nas estreitas ruelas
Do discernimento inconclusivo.
Novamente olhamos!
Franzimos o sobrolho e alvitramos
Num acto de clarividência barata:
De facto
Para quê tanto improvisar?
Um abstracto é um abstracto
Nada tem que se provar.
Autor: José Manuel Alves
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