A FONTE
Ficaria de bom grado
Horas perdidas a olhá-la e a pensar…
Quantas gerações ali pararam
Quantos cântaros se encheram
Quantas vozes se ouviram
Quantas brincadeiras ocorreram em seu redor.
Ainda oiço a algazarra da matança do porco
O cheiro a pelos queimados
A correria dos miúdos
Enfeitiçados pela euforia
Na disputa de quem chegaria mais perto.
Pairam no ar os lamentos
De quem se arrastava rua acima
Entorpecido pelo frio e pela idade.
A água continua ali
Caindo sem cessar
Cantando indiferente a quem passa
Como uma donzela transbordando de frescura.
Ficaria de bom grado horas perdidas a escutá-la
De olhos fechados e um sorriso rasgado
Ali onde começa o passado cada vez mais longe.
Autor: José Manuel Alves
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