JANELA DE GRADES
Na frívola cegueira da realidade
Resta-se o sonho aprisionado
Num ostensivo canteiro de cruzes de ferro
Plantadas na laje fria da janela.
Cansou-se a garganta de violar silêncios
Clamando no vazio escuro
A ignomínia dos dias expurgados de sol.
Confundiram-se cedo na ferrugem as últimas lágrimas
Agitadas pelo vento sorrateiro que espreita a janela
Atiçado pela nortada de inverno.
Estranho e falso este calor aparente
Este pulsar profanado da alma inconquistada
Senhora incontestável do destino
Vergada que não foi à ira obsessiva e cega
Das ideias amortalhadas
De quem se intitula senhor do mundo.
Autoria: José Manuel Alves
Sem comentários:
Enviar um comentário