SOCALCOS
Socalcos
são répteis em desvario
Serpenteando
em magia pelas encostas
Perseguidos
em serena cadência
Por
combâros e levadas.
Socalcos
são sobressaltos de palavras
Tronos
de realeza, ousadias de génios
Berços
esculpidos na inclinação apressada dos montes
De formas vadias
Vertiginosamente
escorregando até às ribeiras.
Socalcos
são as rugas dos gentios
Palcos de insónias perdidas no tempo
Gritos
de enxadas abrindo a rigor os torrões
O
berço
Onde germinarão ansiosas
As
espigas de milho e do centeio
Alouradas
ao sol
Sobre as fragas inteiras das
eiras
Cobertas
de praganas a esvoaçar.
Socalcos são escadas de nobreza
A
finura do traço, intervalos de beleza
O
perfeito soluçar da serra
Ardilosamente rasgada
Num desafio inventivo ao
pensamento
Que no momento nos faz sonhar
E acreditar que o mundo está aqui
Onde cada socalco é a força
Da minha gente em sobressalto.
Autor
José Manuel Alves
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