UM DIA NOS ENCONTRAMOS POR AÍ
Estáticos e mudos no adeus da
separação
O atravessar de muros e destinos divergentes.
Muito ficou por dizer e por fazer
Dificilmente voltaremos a falar
de poesia
De banalidades, ou fotografia
Tão pouco voltarás à minha secretária
E pedir o meu afia lápis.
Vivemos sob a alçada implacável
da vida
Que desde o tempo de escola nos rouba os amigos
E os consome no turbilhão
fantástico do esquecimento.
Dificilmente voltaremos a zombar
com ironia
Dos assuntos sérios, ou demagogia
Tão pouco voltarei a buzinar ao teu aceno
Na ultrapassagem irreverente da autoestrada.
Tangenciamos tantas vezes os
nossos caminhos
Repartimos angústias, ansiedades
e conquistas
Sonhamos em conjunto a Primavera.
Dificilmente voltaremos a falar de
astrologia
De carros, filmes, audácias ou
até de fobia
Tão pouco voltarás à minha secretária
Carregando novidades domingueiras
Mais uma pedra se junta no muro
da separação
O começar de destinos divergentes
O pressentimento e último olhar
De alguém a ser engolido pelo
tempo.
No carrocel estonteante das
vontades
Quem sabe? Um dia nos encontramos
por aí.
Photo e poesia: José Manuel Alves
Lindíssima José Manuel. Bjs da amiga brazuka.
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