A MINHA RUA E EU
A minha história está nas pedras da minha rua
Escrita em cada paralelepípedo da calçada
Onde os meus pés descalços davam topetadas
Ou se entretiam , atrevidos
A travar o ímpeto da água
Que corria apressada nos regos
Extravasando as margens.
A minha rua è longa e estreita
Na medida exata dos molhos de lenha
Cortada à força do podão
Ateada pela Padeira
No forno da esquina
A minha rua é a aceitação da infância
Do alvorecer dos destinos por editar
Dos miúdos que em dia de São João
Saltavam alegres sobre os tocos em chamas
Embriagados no aroma do rosmaninho queimado.
Hoje a minha rua
É silenciosa e nostálgica
Apunhalada de sombras à noitinha
Como um tição mortiço
Em vésperas de se extinguir.
A minha rua é velhinha
Tanta, tantas vezes a palmilhei
Talvez seja de todos, mas é a minha
Onde nasci e morei.
Photo e poesia. José Manuel Alves
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