A PRIMAVERA
Acalmou-se a ribeira enfurecida
Desce agora, em paz
No seu leito selvagem
Ladeado aqui e além
Por salgueiros e giestas dançando na brisa
Desafiando a mudez dos cômbaros
Esgarrados pelas silvas
Num sereno convite a despertar.
Já não se vê a neve na Penha de Águia
Calou-se o vento na garganta
Solta-se o zimbro do cativeiro
Esvazia-se o curral
O gado enche todo o nosso olhar de sons
Num concerto despautado
Dos chocalhos descompassados e melancólicos.
Na surreal magia
As flores
Como um grito apaixonado
Soltam no ar os seus odores
Vestem-se de vivas cores
E o amanhecer nebulado
Da natureza severa
Gera um sol alaranjado
E em jeito de recado
Reinicia a Primavera
José Manuel Alves
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