PASSADO NO PRESENTE
Dúbias lembranças
Quando a cegueira dos sonhos
Aflige a sanidade da razão.
Pouco importa
Se o véu coberto de pó tinge de penas
O sorriso sarcástico desenhado a
fogo
No renascer da esquina.
Cativamos no presente
Imagens que trouxemos dos confins do tempo
Avidamente amealhadas num olhar cansado
Emergindo dum perpétuo fulgor
Como um vulto errando a esmo
No vendaval da memória que persiste
Em mesclar-se de sombras vadias.
Saudade é o inferno do que perdemos
Coração esvaziado, lábios amargos
Como pétalas caindo das gáveas
Devagar
Restando-se à tona dos sentidos.
Atiramos à fogueira o passado
Como roupa usada
Mas nunca certificamos as cinzas
Para confirmar se ardeu
Até que o clarim soa
E o comboio das recordações nos atropela.
Autor: José Manuel Alves
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