ESPANTALHO
Na
escola da minha rua
Há um espantalho
Simpático
e risonho
Com
coração de palha
Mascarado
de realidade
É
tolerante e compassivo
Afasta
os corvos afoitos
Com
melodias de improviso
Quando
o vento agita
Os
seus dedos de palha
Nas
cordas da guitarra.
Na
palidez da verdade
Só
o espantalho se espanta
Entediado
de pasmaceira
Estático
e mudo de sol a sol
Na
esperanças que algum pardal
Vadio
e afoito
Faça
o ninho nos seus cabelos eriçados
Poucos
reparam no espantalho
E
a vida acontece em correria
Indiferente
às lágrimas
Que
o orvalho verte
No
seu rosto de pano velho.
Por vezes
Quedo-me mudo
Tentando adivinhar o silêncio
Do seu sorriso
E ouvir o improviso mágico das
melodias
Dedilhadas pelos seus dedos de
palha
Agitados pelo vento.
Autor: José Manuel Alves