quinta-feira, 19 de novembro de 2015

BUSCA

BUSCA

Procuro-me na lonjura dos pensamentos
No espaço das ideias.
Até onde os meus olhos peregrinos alcançam
Num carrossel de ambição e vontade.
Procuro-me
Nas águas do mar
que abafam os gritos da derrota
dos meus braços,
estendidos em abandono
como véus de púrpura
enfunados sobre as águas adormecidas.

Procuro-me no limiar do Setembro desfolhado
Entre as folhas mortas
De tons vermelhos e agrestes.

Procuro-me! Na lógica plausível da vontade...
No indecifrável paradoxo da razão...
Procuro! Procuro!
e afinal, nem sei o quê!

talvez um quase tudo
um quase nada
um sopro de brisa
que complete o vazio do meu querer.

Quem me diz
de quem são
estas flechas de luz
que me encandeiam além dos barcos?

Eu, Não sei!
Porque não me encontro.

Autor:
José Manuel Alves

Nevoeiro

NEVOEIRO

Quadro de cinzas pachorrentas
Teimosamente ensombrando
E vestindo de entediantes neblinas
Caminhos de horizontes apagados
Entre nuvens de vapor crescente
Pendurado nas folhas molhadas
Das árvores aprumadas e esguias
Como mãos de prece em oração.

Inconstantes, num vaivém pausado
Passos de alguém entorpecido
Exalando uma brisa cansada
De respirar a manhã fria
Como fumo de cigarros
Que se entremeia e confunde
com etéreos mantos de noiva
Suavemente pintados no Inverno.

Olhar vadio sobre as cinzas
Subindo e descendo
Na inconstância das formas
Disformes e inseguras
Que limitam a visão
E nos arrastam no sonho
De Castelos erguidos de fantasia
Que se movem e se desfazem
Na luz do sol que se levanta.

Autor: José Manuel Alves