domingo, 29 de setembro de 2013

PRETO, BRANCO E CINZAS



PRETO, BRANCO e CINZA

 O preto e o branco
Alternância de cores
Unem-se na cinza
Obrigação de amores

O negro da noite
O branco da neve
A cinza do fogo
No fogo da sebe

O negro do adeus
O branco do lenço
Pálidos amores
A cinza do incenso

O negro do asfalto
O branco da paz
A cinza da vida
Já tanto me faz.

Autor: José Manuel Alves

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

HORIZONTES



HORIZONTE E PENSAMENTOS

No estertor da linha do horizonte
Acenderia o pavio de uma vela
Sobre um muro de calhaus silvestres
Iluminando o incomensurável mais além.

Respiro a incerteza na tranquila distância
Como um sopro silencioso dilatando as pupilas
Dos meus olhos moldados
Ao limiar da fronteira arredondada do teu corpo
Na tangência dum abraço adiado

No ignóbil fosso entre a espuma e a areia
Por cada lagrima repousada invento uma árvore
Escrevo no tronco um arabesco arquitetado de esperança.
E o horizonte inclina-se em reverência
Á ébria tontura do meu olhar

Adivinho o respirar do vento
Quando as mágoas se adensam num presságio de tempestade
Tudo acabará na corrente das águas
Atropelando-se pela primazia de se escapulirem
Pelas brechas da calçada.

O coração confundido
Desce como o céu arqueado sobre o infinito
Cortado em flecha pela penumbra indecisa
Das tuas mãos arredadas
Cobrindo de repouso as nossas bocas
Inconsoladas de palavras.

Autor
José Manuel Alves









sábado, 21 de setembro de 2013

Lágrimas

LÁGRIMAS

Porque me disseste que choraste
Tive a súbita e ténue aparição
Tuas lágrimas desfazendo-se na mão
Que te afagava num gesto amigo e casto.

Porque tu me disseste que sofrias
Criticámos ambos o mundo austero
Transformando a dor e o desespero
Em esperança de sorriso e melhores dias

Por tudo o que disseste e me dirás
A vida é um aprender permanente
Acredito, um dia compreenderás

Amar, quando se ama realmente
Às vezes fere, pisa, machuca e faz
Sentirmo-nos feras e não gente.

Autor: José Manuel Alves

domingo, 15 de setembro de 2013

GATOS


MAGOITO



CORAÇÃO ABERTO E MAGOADO 
Coração aberto e magoado
Rubro de ternura, insatisfeito
Palpitante de vida, mal-amado
Mo meio da multidão, só e desfeito
  
Por amor destroçado, ousadamente
Erguido no além platónico de ser
Magoado mas vivo! Solenemente
Jurando amar, amar até morrer

Coração ferido, apaixonado
Sem ódios, raiva, ou azedume
Serenamente no livro estampado

Acariciando versos de queixumes
De alguém que do amor só tem saudade
Resta-lhe nada! Nem ciúmes.
  
Autor: José Manuel Alves