segunda-feira, 29 de abril de 2013

É SEMPRE MADRUGADA




É SEMPRE MADRUGADA

É sempre Madrugada
Quando falamos de amor
Como uma flor desabrochando
Num corpo de segredo

È sempre madrugada
Quando o dia acorda
No soluçar da voz
De mágoas riscadas
À flor da pele

Desprendem-se do ar as letras
Com que escrevemos saudade
Num curto lampejo
Quando os teus olhos
Me golpeiam de tentações
E se perdem na bruma

O amanhecer
É um silêncio magoado
Entre os abraços fugidios
E os beijos fortuitos dos amantes
Emparedados na incerteza do tempo
Bolsos vazios de ilusões

O amanhecer
É como uma esmola feiticeira
Avidamente guardada à cautela
Sempre que falamos de amor
E nos perdemos em delírios
Num corpo de segredo.

Autor: José Manuel Alves


sábado, 27 de abril de 2013

CRAVOS DE ABRIL




Cravos de Abril

Plantados nas armas de guerra
Floresceram em Abril
Na liberdade do povo
Dum Portugal sem medo

Punho erguido
Bocas sem mordaças
Gritamos nas ruas e nas praças
Jamais seremos vencidos.

Os cravos de Abril
Não murcham
A alma não morre
Nem as bocas se calam.

Quando mais nos prendem
Mais nos libertamos
Quanto mais nos pisam
Mais nos levantamos

E seremos todos soldados
Com um cravo na lapela
A nossa espada
Será do tamanho da afronta
Afiada e sem perdão

Os cravos de abril
Cobrirão as ruas
Enganem-se quem nos condena
O povo é mais quem ordena.
José Manuel Alves



sábado, 13 de abril de 2013

A PRIMAVERA





 A PRIMAVERA



Acalmou-se a ribeira enfurecida

Desce agora, em paz

No seu leito selvagem

Ladeado aqui e além

Por salgueiros e giestas dançando na brisa

Desafiando a mudez dos cômbaros

Esgarrados pelas silvas

Num sereno convite a despertar.



Já não se vê a neve na Penha de Águia

Calou-se o vento na garganta

Solta-se o zimbro do cativeiro

Esvazia-se o curral

O gado enche todo o nosso olhar de sons

Num concerto despautado

Dos chocalhos descompassados e melancólicos.



Na surreal magia

As flores

Como um grito apaixonado

Soltam no ar os seus odores

Vestem-se de vivas cores

E o amanhecer nebulado

Da natureza severa

Gera um sol alaranjado

E em jeito de recado

Reinicia a Primavera

autoria:

José Manuel Alves