domingo, 26 de fevereiro de 2012

A MÃO E O PAU DE CANELA

                         

AS MÃOS

A minha mão

A tua mão
A tua mão na minha mão
As minhas mãos e as tuas
As duas!

Mãos que acariciam

Escrevem e falam.
Mãos que se torcem em desespero
Quando fazem a guerra
Mãos de paz
Quando te apraz
E seguras o arado
Rasgando a terra

Mãos erguidas em prece

Mãos de perdão e de açoite
Mãos que se perdem em carícias
Quando acontece
A noite.
São elas adeus
Raiva, acenos
Capazes dos gestos mais cruéis e obscenos
Capazes dos afagos mais doces e serenos
Mãos de adeus, de despedidas
Mãos de raiva e de guitarra
De sufocos e farra
De lágrimas contidas.
São assim as minhas e as tuas
Calejadas e nuas
Vivas nm mundo de sentidos
Divididos
Entre as duas.

Photo e Poesia: José Manuel Alves

sábado, 11 de fevereiro de 2012

RESTOS DE ESTRELAS

ABSTRACTO

Perdemo-nos em análises e comparações
Usamos critérios, regras e padrões
Espreitamos de frente, de lado
Por cima e por baixo.
Redimensionamos o olhar
Ao tamanho do nosso saber
Invocamos os substantivos concretos
Revolvemos empíricos trajectos
Consultamos temáticas enciclopédias
 E gramáticas
 Numa incomensurável ambição
De desvendar o abstracto.

Na impotência de o compreender
Restamo-nos aturdidos e estupefactos
Perdidos na humilde sapiência intransitiva.
Em trejeitos e tiques
De impaciência Inconclusiva

Caminhando sobre padrões repetidos
Adornados de dogmas concretos,
Navegamos audazes mas discretos
Nas estreitas ruelas
Do discernimento inconclusivo.

Novamente olhamos!
Franzimos o sobrolho e alvitramos
Num acto de clarividência barata:
De facto
Para quê tanto improvisar?
Um abstracto é um abstracto
Nada tem que se provar.

Autor: José Manuel Alves

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

MAR DE ESPERANÇA



ANCORA

Crescem meus temores na ansiedade

Capaz de submergir meu pranto
Matando o invulgar aconchego
Do teu coração ancorado
No meu espírito.

Esta inércia de pensar

Este desassossego do olhar
Este esmolar de paz
No ímpeto da brandura plácida
Deste mar de pensamentos.

Meus olhos magoados

Profetizam esperanças
Em místicos caminhos
Numa cegueira bendita
Sem culpas inquisidoras.

Lanço a mão à âncora

Cansada de prender meus anseios.
Já pouco me resta para ver
Neste mar sem fundo
Que a corrente rasga
Ate prender no lodo
o barco da vida vida
A esmo e náufrago
Na tempestade
De palavras vazias.

Photos e poesias:  José Manuel Alves

MADEIRA


MADEIRA