sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

CASINHA ÓBIDOS



EM FRENTE DA TUA PORTA

Em frente da tua janela há uma escada

Onde tantas vezes me sento a esperar
Perdido numa visão enciumada
Quando enches de acendalhas o luar.

Em frente da tua porta há muralhas

Que impedem os teus olhos de me ver
Endoidas meu coração como navalhas
Numa dolente paixão de enlouquecer

Na fachada da tua casa há várias flores

Que te enfeitam e perfumam de amores
Debruçada que és no varandim

Na crescente penumbra enluarada

Espero-te enfeitiçado na escada
Acenando e sorrindo para mim.
 
photo e poesia: José Manuel Alves

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

CASA DE GRANITO E XISTO - Loriga




SERRA EM FLOR


Respiro em ti o ar da madrugada

Entremeado de urgueira e rosmaninho
Em carquejas de fogo no caminho
Serpenteando na encosta escarpada

Digo de ti nas curvas das estradas

Que o céu e a terra em pranto humedeceram
perdidas se ficaram enquanto deram
Em florir rosas deslumbradas

Mais alto, no mais alto inatingível

Uma coroa de estrelas na rainha
Ufana, de beleza imperecível

Altiva sobre a neve cintilante

prostrado te declaro serra minha
És a minha amada , a minha amante

photo e poesia:

José Manuel Alves





quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ORQUÍDEA BRANCA



MÃOS DE ORQUÍDEAS BRANCAS

As tuas mãos de orquídeas brancas

Sãs nuvens inalcançáveis
Ao sabor do vento!
Belas e fugidias!
Ao mesmo tempo grandes e pequenas
Do tamanho preciso
Dos meus pensamentos.

O que está errado no silêncio

Das frases engolidas
Quando me crescem no olhar
As linhas suaves e compreensivas
Do teu sorriso??

Sonhar é um desafio

Mágico e ousado
De cabeça perdida algures
No corredor das vontades.

Se a memória se resta queda

em quarto crescente,
Arrasta e torna duradoura a preguiça
De ir apagando mágoas
Reescrevendo novos tempos
De alegrias fingidas.

Mas as tuas mãos são sempre

Um barco de orquídeas brancas
Como um farol intenso
Rasgando de improviso
Palavras reescritas
Num oceano de destinos impossíveis.

Photo e Poesia

José Manuel Alves

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

É NATAL É NATAL



É NATAL É NATAL

Apenas, e tão só

24 Horas.
Em que deveríamos esquecer os egoísmos
E dar as mãos
Repensar que a vida é algo de efémero
Que não justifica os atropelos
A desumanização
O abandono!

Reflectir que nem tudo vale a pena

Quando pomos em causa os valores e o respeito pelos outros.
Quando alguém esfomeado nos estende a mão!
Quando crianças carregam desde a nascença
A culpa de terem nascido
Neste mundo cruel.
Afinal é Natal!
Tempo de sonhar que tudo poderia ser bem melhor
Tempo de olhar os outros e vermo-nos reflectidos
Nas suas angústias e desesperos
Nas suas alegrias e tristezas.
Vivemos no mesmo tecto
Olhamos as mesmas estrelas
Bebemos das mesmas fontes
Somos irmãos!
Os irmãos conhecem-se
E amam-se.

Photo e poesia: José Manuel Alves

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A SILHUETA


SILHUETA

SILHUETA


Sombras gotejam do dia em declínio
Embaciando de negro
O suave arredondado da acalmia das águas

Meus olhos perdem-se na silhueta!

Escultura sinuosa de formas soltas
Desenhadas na contra-luz

Saboreio lentamente o horizonte

Numa exuberância lasciva
Como um vulcão de desejo
Como um vulcão invertido
Explodindo dos céus.

Somo as horas

Indiferente ao Outono
E à silhueta de tranças desgrenhadas
Teimosamente esculpida
Na sensibilidade do meu olhar.

Photo e poesia: José Manuel Alves

ENTARDECER NA LINHA


ENTARDECER NA LINHA

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CASTELO DE GUIMARÃES



O CASTELO

Sou a memória viva do passado

Alimento de lendas os fantasmas que me habitam.
Nas pedras dos meus caminhos
Fogosos corcéis correm à toa
Arrastando no chão mantos de cetim.

Sou Filho da História

Bastardo de reis e tiranos.
Gerado entre conquistas e derrotas,
Não me vergo sob o peso dos séculos.

Semeio em cada recanto

Versos de eternidade
Sou um jovem senhor do tempo
São meus os exércitos imemoriais
que se espalham e se escondem
Entre o granito cansado das muralhas.

Tu que entras..

Curva-te perante a realeza irrepreensível
Das minhas torres de grandeza imortal.
Eu sou a memória viva do passado
Alimento de séculos
Os fantasmas que me habitam.


  Photo e Poesia

José Manuel Alves

 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

NASCER DO SOL NO TEJO


MADRUGADA

Ousara oferecer-te a madrugada

Partilhada no teu corpo, noite fora
Em lençóis de púrpura, imaculada
Sob o luar que ciumento te namora

Quisera imolar-me em teu sorriso

Escutar as palavras que não falas
Que sentes, te queimam, mas que calas
Confundindo-as em frases de improviso.

Sonhara desenhar-te em finos traços

Esculpir-te em cristal resplandecente
Adorar-te como Deusa, eternamente

Até o corpo dor de tanto amar

Desejando que um dia ao acordar
Me encontrassem fundido nos teus braços


Photo e Poesia: José Manuel Alves

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

TERNURA


TERNURA

Tantas horas passaram na sombra dos teus gestos
Tantas vezes bebi o sorriso
Dos teus olhos vigilantes
Tantas vezes as tuas mãos transbordaram de afagos
No aconchego do teu coração inquieto.

Tantas vezes escutei as palavras
Que a tua alma de incentivo me ditava
Tantas vezes choraste as minhas lágrimas
Tantas vezes me levaste pela mão
E me ensinaste caminhos.

Tantas! Tantas vezes
Tantas e tantas coisas
Que hoje guardo com ternura
No infinito tesouro das minhas recordações.

Photo e poesia:  José Manuel Alves

A ÀRVORE E O TEMPO





 A ÀRVORE E O TEMPO

De tudo o tempo se apodera

De tudo o tempo se alimenta
Implacável na conquista
Indomável na força.
Engolindo muros de pedra
Derrubando orgulhos
transformando castelos de poder
em repasto de arvores famintas.

Alguém passa e diz com ironia:

Aqui jaz a verdade!
a heresia!
De quem se imagina
Eterno nesta vida.

Photo e Poesia

José Manuel Alves